Em mais uma edição das Masterclasses ENGROW, recebemos Carlos Eduardo Boechat, Diretor de Tecnologia e Engenharia Industrial da Vale, professor da Fundação Dom Cabral e conselheiro da FIEMG. Com uma trajetória marcada por reinvenção e liderança em ambientes complexos, Boechat trouxe uma visão profunda sobre os desafios e oportunidades da transformação digital e da inovação industrial no Brasil.
“Vivemos uma nova era na indústria — e talvez ainda não tenhamos percebido isso completamente.”
Uma nova revolução industrial — centrada em pessoas
Boechat iniciou sua fala com uma provocação: toda revolução só é reconhecida quando já está em curso. Segundo ele, o que vivemos hoje vai além da chamada “Indústria 4.0”: é a era da relevância, onde tecnologia, propósito e pessoas se entrelaçam para gerar valor real.
“O principal pilar da transformação digital não é a tecnologia — são as pessoas. Nenhuma ferramenta faz sentido se o time não estiver engajado e capacitado.”
Para o executivo, a inovação não nasce de algoritmos, mas de mentes curiosas e seguras. A segurança, inclusive, é um valor inegociável dentro da Vale e deve ser tratada como pilar estratégico em qualquer processo de evolução tecnológica.
Da tecnologia à estratégia: evitar as armadilhas da inovação
Um dos pontos centrais da fala de Boechat foi o alerta para uma armadilha comum nas empresas: começar pela tecnologia e não pelo problema.
Ele relembrou o início da Indústria 4.0 na Alemanha, em 2011, quando muitas companhias correram para implementar IoT, robôs colaborativos e inteligência artificial sem compreender o propósito real dessas aplicações.
“A pergunta não é ‘onde coloco o robô’, mas ‘qual problema de negócio quero resolver’. O ponto de partida deve ser sempre o valor gerado para o negócio.”
Segundo Boechat, estratégia e visão sistêmica são competências-chave dos líderes da nova indústria. Sem um plano diretor e uma arquitetura de transformação bem definida, o risco é desperdiçar recursos e comprometer a sustentabilidade dos investimentos.
Inovação aplicada: da mina ao porto
Ao compartilhar cases da Vale, Boechat mostrou como a tecnologia tem sido um vetor concreto de resultados. A empresa é hoje o maior usuário de drones da América Latina, opera caminhões e perfuratrizes autônomas em minas, utiliza inteligência artificial para manutenção preditiva e realidade aumentada para inspeções e treinamentos.
Entre os exemplos, destacou:
Geotecnologia e segurança: centros de monitoramento 24/7 e sensores automatizados para gestão de barragens.
Autonomia e produtividade: minas e pátios com equipamentos autônomos que reduzem custos e emissões.
Portos conectados: operações autônomas no Terminal de Itaguaí e projetos em expansão para Tubarão e São Luís.
IA na prática: mais de 200 casos de uso de inteligência artificial em operação, com resultados tangíveis em eficiência e segurança.
O passo a passo da transformação digital
Durante a Masterclass, Boechat apresentou uma rota prática para a transformação digital na indústria, enfatizando a importância da disciplina e da execução:
Avaliar o cenário atual e garantir patrocínio da alta liderança.
Definir objetivos claros e identificar os principais gargalos.
Selecionar tecnologias adequadas — muitas vezes, a solução está na combinação delas.
Planejar e executar com excelência, utilizando boas práticas de gestão de projetos.
Capacitar o time, desenvolvendo tanto hard skills quanto soft skills.
Medir resultados continuamente e ajustar o rumo conforme o aprendizado.
Essa metodologia traduz perfeitamente o espírito ENGROW: da teoria à prática, com método, clareza e propósito.
O intraempreendedorismo como motor de inovação
Encerrando sua fala, Boechat destacou o papel do intraempreendedorismo — o ato de empreender dentro das organizações. Para ele, as empresas que mais inovam são aquelas que criam ambientes onde as pessoas se sentem donas do negócio.
“Eu sempre trabalhei como se a empresa fosse minha. Esse sentimento de dono é o que diferencia equipes medianas de equipes extraordinárias.”
A recomendação é clara: estimular a cultura de inovação, colaborar entre áreas e com o ecossistema e investir em formação contínua. Em suas palavras, “o conhecimento é o único ativo que ninguém pode tirar de nós”.
Conclusão: É tempo de ENGROW
A Masterclass com Carlos Boechat reforça um princípio essencial da ENGROW: a transformação não começa com a tecnologia, mas com as pessoas — e se consolida quando a teoria encontra a prática.
Na era da inteligência artificial, a verdadeira vantagem competitiva está na inteligência humana.
É tempo de liderar, inovar e crescer.
É tempo de ENGROW.
Próxima Masterclass ENGROW
A jornada continua!
No dia 11 de novembro, às 19h30, acontece a próxima Masterclass ENGROW, com Octavio Alves, Vice-Presidente de Heraeus Electro-Nite.
Uma conversa imperdível sobre liderança, cultura de alta performance e inovação aplicada à engenharia.